Espírito Santo inova com rádios internas nas prisões e recebe delegação internacional para conhecer modelo pioneiro no País

As rádios internas implantadas nas unidades prisionais do Espírito Santo pela Secretaria da Justiça (Sejus) têm se tornado uma referência nacional como política de ressocialização. O modelo utilizado no Estado atraiu, até mesmo, o interesse de uma instituição social internacional que atua com produção de conteúdo e transmissão de rádio nas prisões da Inglaterra e País de Gales: a Prison Radio Association.
Para conhecer o modelo desenvolvido no Espírito Santo, uma delegação da organização social visita às unidades prisionais do Estado, nesta sexta-feira (11). O diretor Executivo da Prison Radio Association e Presidente da Prison Radio International, Phil Maguire, explica o objetivo da visita.
“Queremos ver e ouvir de perto os projetos de rádio nas prisões do Espírito Santo. O que está acontecendo aqui faz parte de um movimento global em expansão e soa realmente extraordinário. Dar às pessoas privadas de liberdade a oportunidade de contar suas próprias histórias, com as suas próprias vozes, por meio do rádio, não é apenas algo poderoso, pode ser algo que transforma vidas. Isso pode gerar conexão, confiança e esperança. Estou ansioso para visitar os estúdios, conhecer as equipes e ver de perto como o Espírito Santo está sendo uma referência nessa área”, enfatizou Phil Maguire.
Segundo o representante, a Prison Radio International tem como objetivo reduzir a reincidência, apoiando as pessoas privadas de liberdade durante suas sentenças e preparando-as para a vida em sociedade. Por meio de uma programação diversificada, a rádio visa promover uma cultura de mudança positiva na prisão, ao mesmo tempo em que reconhece e aborda os desafios do cárcere.
“Por meio do nosso trabalho com a Prison Radio International, estamos apoiando um movimento global crescente de pessoas e organizações que usam o áudio para o bem social. Do Reino Unido à Argentina, de Trinidad e Tobago à Austrália, onde quer que o rádio nas prisões seja implementado, ele tem o poder de educar, de promover a reabilitação e de criar conexões. É uma ferramenta de transformação e seu impacto é inegável”, pontuou.
Rádios internas do sistema prisional capixaba
No Espírito Santo, as rádios auxiliam na gestão das penitenciárias com assuntos sobre educação, rotina interna, saúde, religiosidade, entretenimento e música. O objetivo é transmitir mensagens importantes sobre o dia a dia da unidade, compartilhar programas educacionais, promover reflexões sobre cidadania e convivência e fortalecer vínculos afetivos das famílias com a pessoa presa. Toda programação é coordenada pela unidade prisional. Internos também são selecionados para trabalhar como locutores e mesa de som.
O secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco, afirma que o projeto de rádios internas do sistema prisional do Espírito Santo é uma iniciativa pioneira no Brasil e que a visita da entidade internacional irá enriquecer ainda mais essa experiência com a troca de conhecimento.
“Essa visita é uma oportunidade valiosa para que possamos trocar experiências, aprender novas práticas e fortalecer ainda mais o projeto de rádios internas nas unidades prisionais do Espírito Santo, que tratamos como política de reinserção social. Nosso modelo, que já se tornou uma referência nacional, tem como objetivo promover a ressocialização e a cidadania. A presença da organização internacional aqui só reforça o reconhecimento do trabalho que estamos realizando e nos motiva a continuar inovando e aprimorando essa importante ferramenta de transformação social”, ressaltou Rafael Pacheco.
Atualmente, são nove estúdios montados, mas a meta é que todas as 37 unidades prisionais do Estado passem a contar com rádios internas ainda este ano. Diferentemente do modelo adotado pela Prison Radio International, que utiliza transmissão dos conteúdos para as celas das prisões e para a sociedade, por meio de sítio institucional, na Sejus as transmissões das rádios internas acontecem de ponto a ponto.
“Porém, é importante destacar que as nossas rádios internas não transmitem para além dos muros da prisão. Diferente do modelo utilizado pela Prison Radio International, que envia conteúdos tanto para as celas quanto para a sociedade por meio de um sítio institucional, as transmissões nas unidades do Espírito Santo funcionam de forma diferente. Elas são feitas de ponto a ponto, ou seja, do estúdio para as galerias internas, usando caixas de som instaladas nas celas. Assim, a programação é reproduzida localmente, dentro da própria unidade, e não chega a alcançar o exterior ou áreas externas à prisão”, explicou Rafael Pacheco.
Rádio Estação Purpurina
Durante a visita ao Estado, a comitiva internacional percorreu unidades prisionais que já têm rádios internas instaladas. Uma delas é a Rádio Estação Purpurina, da Penitenciária de Segurança Média 2 (PSME2), unidade prisional de referência às pessoas LGBTI+ privadas de liberdade.
A visita foi acompanhada pelo secretário de Estado da Justiça, Rafael Pacheco, nesta sexta-feira (11). Na ocasião, os visitantes puderam conhecer um pouco da programação da rádio, que é voltada ao público custodiado, por meio de entrevistas com internos e equipe operacional.
A visita técnica também abrangeu a Rádio Vox, do Centro de Detenção e Ressocialização de Linhares (CDRL), idealizadora do projeto rádios internas no sistema prisional capixaba, além da Rádio PRL, da Penitenciária Regional de Linhares e Rádio Black, da Penitenciária Estadual de Vila Velha 3 (PEVV3), no Complexo de Xuri e Rádio Florescer, do Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC).
Sobre a Prison Radio International
A Prison Radio International oferece informações, além de conteúdos diversos que incentivam a educação, o debate e o senso de comunidade. A ênfase é ajudar as pessoas privadas de liberdade a compreender sua situação e a assumir o controle do seu futuro, além de fornecer informações sobre os serviços de apoio disponíveis na prisão.
Os programas são produzidos em HMP Styal e HMP Brixton por uma equipe de produção profissional que atua na oferta de capacitação técnica aos presos. Todos os programas da rádio abordam os principais fatores relacionados à redução da reincidência criminal.
“Quando o rádio nas prisões é bem feito, ele se torna mais do que uma plataforma — se torna um espaço para um diálogo real. Ele pode aproximar as vozes das pessoas privadas de liberdade e das pessoas responsáveis pela gestão do sistema. Essas conversas, transmitidas pelas ondas do rádio e ouvidas por milhares de pessoas dentro das prisões, têm o poder de promover compreensão, desafiar preconceitos e construir confiança. É aí que a verdadeira mudança começa”, frisou Phil Maguire.
Programas e podcasts desenvolvidos pela instituição podem ser acessados na página: https://prison.radio/national-prison-radio/
Informações à Imprensa:
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