Egressos do sistema prisional dão exemplo em comemorações de três anos do Escritório Social
Egressos do sistema prisional capixaba mostraram no evento de três anos do Escritório Social que é possível se reinserir à sociedade por meio do trabalho e da transformação. Em três anos de atuação, o Escritório Social já atendeu mais de 7.800 egressos do sistema prisional com suporte em diversas áreas, tais como saúde, qualificação profissional e atendimento psicossocial.
Para comemorar a trajetória da ação, uma mesa redonda com o tema “O papel das Redes no sistema de garantia de direitos do egresso da Justiça” marcou o aniversário da unidade na tarde desta quinta-feira (16). O evento contou com a presença do secretário de Estado da Justiça, Luiz Carlos Cruz, e foi mediado pela subsecretária de Ressocialização da Sejus, Roberta Ferraz.
A mesa redonda teve a participação de Gisele de Souza, juíza coordenadora da Vara de Execuções Penais do TJES; Bruno Toledo de Souza, secretário de Direitos Humanos de Vitória; Carlos Augusto Lopes, subsecretário de Estado de Políticas para Drogas e da presidente da Associação Resgatando Vidas, Missão e Artes, Maria Aparecida Leandro.
O evento também contou com a presença de egressos do sistema prisional que puderam contar um pouco sobre suas histórias de recomeço e empreendedorismo.
“O Escritório Social busca auxiliar e recolocar o egresso do sistema prisional ao mercado de trabalho a fim de que ele produza sua própria renda e da sua família. Ele faz parte de um trabalho conjunto entre a Secretaria de Estado da Justiça e as demais instituições que compõem o sistema penitenciário do Estado. As oportunidades existem e temos trabalhado para ampliar ainda mais as vagas de trabalho e capacitação profissional”, disse Luiz Carlos Cruz.
Balanço das ações
Ao longo de três anos, o Escritório Social atendeu e encaminhou egressos para o resgate da cidadania, auxiliando a vencer as barreiras para o retorno à sociedade. Foram mais de 7.800 encaminhamentos ligados à documentação, emissão de certidão de nascimento, casamento ou óbito, título de eleitor, documento de identidade.
No mesmo período, foram cerca de 1.800 encaminhamentos na área da saúde para tratamento e acompanhamento de enfermidades, transtorno mental e dependência química.
Os egressos atendidos receberam ainda encaminhamentos para o trabalho e para profissionalização. Foram mais de 4 mil atendimentos na área da profissionalização, com encaminhamentos para cursos de qualificação e atendimento no Sine, e cerca de 1.800 encaminhamentos para o trabalho.
A unidade realiza ainda o atendimento e encaminhamento na área da educação, cultura, esporte e assistência social.
Recomeço de vida após abrir seu próprio negócio
Após passar quase dez anos cumprindo pena no sistema prisional, o egresso Hebert Siqueira Santiago viu no empreendedorismo uma maneira de promover o sustento de sua família. Com o auxílio do Escritório Social, logo após obter seu alvará de soltura, o egresso trocou o posto de vendedor de balas pelo de empreendedor.
“Passei a vender balas dentro dos coletivos e com menos de trinta dias de trabalho resolvi abrir minha própria fábrica de bala bombom. Minha família trabalha junto comigo e conto com a ajuda de mais seis colaboradores. Toda produção é repassada para um revendedor da Vila Rubim, em Vitória. Com os ganhos da fábrica de balas já consegui erguer minha própria casa, além de investir no meu próprio negócio com a compra de equipamentos”, conta.
Com uma produção de 12 mil balas por dia fora do verão, o produto, feito com a receita do próprio Hebert, mantém a bala tradicional de coco, mas já ganhou seis novos sabores: limão, amendoim, maracujá, goiaba, morango e gotas de chocolate.
Para ele, o apoio do Escritório Social foi fundamental no processo de reinserção à sociedade. “A maior dificuldade do egresso é a oportunidade. Ele sabe que o retorno à sociedade é difícil devido a discriminação das pessoas. Mas o primeiro passo para esse retorno é o Escritório Social. Tive oportunidade de ser ouvido e de aproveitar oportunidades como cursos de capacitação e orientação diversa. Hoje, sei que preciso fazer diferente. Também vou ser pai e quero mostrar para o meu filho que a vida pode seguir rumos diferentes e que com trabalho e mérito, tudo pode dar certo”, declara Hebert.
Empreender também foi a opção encontrada pelo egresso Fabrico Oliveira para um recomeço de vida fora do sistema prisional. Há mais de um ano, ele abriu a barbearia Show de Bola, no bairro da Glória, em Vila Velha, onde realiza uma média de 35 cortes de cabelo por dia. O serviço, que é ofertado para os públicos masculino e feminino, tem um diferencial, segundo ele. Para captar e fidelizar clientes ele agrega a venda de bebidas e petiscos no espaço, além de música ao vivo duas vezes por semana. Para Fabrício, oferecer um ambiente agradável aos clientes é uma maneira de fazer com que eles retornem.
“Sei que preciso fazer diferente e me atualizar com o mercado atual. Posso dizer que só consegui montar meu próprio negócio porque tive a ajuda do Escritório Social. Foi com eles que obtive oportunidade e encaminhamento para o curso de barbeiro, com certificado. Comecei meu negócio com duas cadeiras e hoje já tenho seis. É assim que quero continuar minha vida”, diz Fabrício.
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