A Penitenciária Estadual de Vila Velha I (PEVV I) começou, nesta quarta-feira (11) o projeto “Ler Liberta”, de remição pela leitura. A iniciativa contará, inicialmente, com a participação de 20 internos e tem apoio da Gerência de Educação e Trabalho (GET) e da Faculdade de Direito de Vitória (FDV).

Nessa primeira fase, o projeto terá três ciclos, cada um contemplando 20 internos, que produzirão três redações sobre três obras literárias. Cada ciclo terá sete encontros.

Os internos terão 21 dias para ler o livro e depois produzirão resenhas sobre a obra. Eles também farão uma prova sobre o conteúdo do livro. O exame e os textos serão corrigidos pelos estudantes universitários e por professores da FDV.

Os resultados e as redações serão enviados ao juiz da Execução Penal, que avaliará o aproveitamento, de zero a 10, para que o interno possa obter o benefício da remição de pena por meio da leitura. A nota mínima exigida é 6.

Além de corrigir o material produzido pelos detentos, os estudantes retornarão à unidade para, junto aos internos, fazerem uma discussão sobre o livro já lido e analisar os textos que foram produzidos.

No primeiro encontro, nesta quarta-feira (06), a equipe da Gerência de Educação e Trabalho da Sejus e a coordenadora pedagógica da FDV, Juliana Ferrari, explicaram aos internos como será o funcionamento do projeto. Os internos também receberam a primeira obra a ser lida, o livro “A Menina que Roubava Livros”, de Marcos Zusak.

O juiz da 8º Vara Criminal de Vila Velha, Daniel Peçanha Moreira, também participou do lançamento do projeto. Ele destacou que espera o comprometimento dos internos com a produção dos textos e também ressaltou os benefícios da leitura, como a ampliação da visão de mundo.

A coordenadora pedagógica da FDV, Juliana Ferrari, resaltou que a parceria com a Sejus surgiu da vontade da faculdade de contribuir para a ressocialização dos internos.

“Acreditamos no potencial de transformação e reflexão por meio da educação e da leitura. Por isso, quisemos contribuir. Para os alunos da faculdade, também é uma oportunidade de conhecer e vivenciar a realidade do sistema prisional. Vários alunos se interessaram em participar do projeto e selecionamos 15, do 3º ao 10º período. Eles se mobilizaram para conseguirem os livros por meio de doações”.

A gerente de Educação e Trabalho da Sejus, Regiane Kieper do Nascimento, explicou que o projeto é importante pois amplia a oferta de atividades de ressocialização que geram a remição de pena, além do trabalho e da educação formal.

Os detentos que estão participando do primeiro ciclo do projeto aprovaram a iniciativa e avaliam que os benefícios do projeto vão além da remição de pena.

“O projeto é bom porque vai nos proporcionar a chance de ler mais, o que vai nos ajudar a ganhar mais conhecimento. Ler nos permite conhecer outros mundos”, contou Jhonatan Teixeira Viegas, 22 anos.

O interno Edson Franco Filho, 25 anos, também destacou a oportunidade de crescimento que o projeto oferece.

“Creio que muitas coisas irão mudar com a participação nesse projeto, pois ele nos dá uma oportunidade de amadurecer e de aprender por meio da leitura. O projeto abre a possibilidade para muitos, que não têm o hábito de ler, se interessarem pela leitura, mesmo que, inicialmente, seja pela remição. Mas uma vez que começarem a ler, vão descobrir os benefícios da leitura”.

Remição pela leitura

Pela Recomendação nº44/2013 do Conselho Nacional de Justiça, que trata de atividades educacionais complementares para fins de remição da pena e estabelece critérios para admissão pela leitura, a cada resenha produzida com aproveitamento suficiente serão abatidos quatro dias da pena a ser cumprida.

Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Justiça

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