03/09/2024 09h17

Programa de Saúde Mental é desenvolvido em unidades prisionais do Estado

A Secretaria da Justiça (Sejus) realiza no sistema prisional o programa de Saúde Mental intramuros, direcionado à população presa. O serviço oferta acompanhamento aos internos e internas que apresentam agravos emocionais decorrentes do aprisionamento, dependência química e alcoolismo.

Os pacientes são assistidos de acordo com suas particularidades e acompanhados pela equipe psicossocial, composta por médico especialista em saúde mental, psicólogo e assistente social. A gerente de Saúde do Sistema Penitenciário (GSSP), Janaina Arenas Cavadas de Sousa Mendes, explica que o programa se baseia em várias ações de atenção primária.

“Nossas equipes atuam no âmbito da atenção primária, caracterizada por um conjunto de ações que abrangem a promoção da saúde, a proteção à saúde e a prevenção de agravos. Para a classificação dos pacientes é utilizado o Modelo de Atenção às Condições Crônicas (MACC) que é um sistema de organização e estratificação de risco que considera os determinantes sociais de saúde vigentes. Dessa forma, as equipes possuem um mapeamento de 100% dos pacientes cadastrados e estão com radar ativo desde o primeiro atendimento, que é realizado na triagem”, explica.

Diversas ações são realizadas nas unidades prisionais do Estado para promoção da saúde mental. Entre elas, estão palestras, atividades educativas e demais atendimentos da área psicossocial.  

Parcerias

Além do programa da Sejus, demais parcerias são realizadas para a promoção da saúde mental da população carcerária, em especial, no que tange ao tratamento para dependência química e o alcoolismo. Instituições como Alcoólicos Anônimos (AA) e Narcóticos Anônimos (NA) desenvolvem atendimentos em penitenciárias do Estado, como no Centro Prisional Feminino de Cachoeiro de Itapemirim (CPFCI), Penitenciária de Segurança Média 1 (PSME1), Penitenciária de Segurança Média 2 (PSME2), Penitenciária Regional de Cachoeiro de Itapemirim e Centro de Detenção Provisória de Guarapari (CDPG). As ações são acompanhadas pelas equipes de saúde e psicossocial das unidades.

O diretor do CDPG, Wescley Frizzera, destaca que a atuação da irmandade Narcóticos Anônimos (NA) na unidade prisional começou há quatro meses, mas já tem apresentado bons resultados. Cerca de 50 internos participam.

“A participação do reeducando é opcional, só participa o interno que realmente tem interesse pelo tratamento. Os benefícios são inúmeros. Quando livre do vício, percebemos que a perspectiva de vida dessas pessoas muda completamente e é possível vislumbrar um futuro diferente”, destaca.

O diretor complementa: “Procuramos buscar alternativas para a oferta de um tratamento penal justo, baseado em um programa de ressocialização que possibilite à pessoa privada de liberdade melhores condições para o retorno ao convívio social. Infelizmente, identificamos no sistema prisional uma parcela considerável de dependentes de álcool e drogas. A parceria firmada é uma experiência bastante valiosa. Identificamos melhorias consideráveis no comportamento dos presos atendidos, com diminuição da ansiedade e de ocorrências disciplinares.”

No Centro Prisional Feminino de Cachoeiro de Itapemirim (CPFCI) cerca de 20 internas participam das reuniões dos Alcoólicos Anônimos (AA). Os encontros acontecem duas vezes por mês. A diretora da unidade feminina, Mikeli Patta Catein, relata que a metodologia de trabalho colocada em prática pelos Alcoólicos Anônimos, produz impactos positivos.

“Por meio da troca de experiências, os relatos de vida e o processo de escuta, percebemos impactos positivos nas internas participantes. Isso pode ser constatado pela mudança de comportamento. As internas relatam o quanto suas vidas mudaram após o momento em que elas passaram a integrar o grupo e que essa participação faz diminuir a ansiedade e o desejo de consumir álcool. O trabalho realizado também traz mudanças significativas no comportamento e disciplina dentro da unidade prisional. Além disso, o grupo busca trazer para as internas o protagonismo de suas vidas, fazendo com que elas assumam a responsabilidade de seus atos durante este processo”, conclui Mikeli Patta Catein.

 

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