Projeto de Equoterapia da Sejus auxilia tratamento de crianças especiais
A Penitenciária Agrícola do Espírito Santo (Paes), em Viana, ligada à Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), desenvolve, em parceria com a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) dos municípios de Viana e Cariacica, um projeto de equoterapia. O trabalho acontece desde 2015 na unidade.
Nesta segunda-feira (25), as atividades foram retomadas, abrindo o calendário de 2019 após um pequeno recesso. Os atendimentos passam a ser oferecidos também às crianças da Amaes (Associação dos Amigos dos Autistas do Estado do Espírito Santo). As sessões são realizadas de segunda a quinta-feira, nos horários da manhã e da tarde.
“A equoterapia tem sido excepcional para nós. Depois dos atendimentos, meu filho já consegue andar sozinho, parou de ter convulsões, além de ter melhorado muito a concentração. O projeto tem sido essencial para ele e para toda a nossa família. Cada evolução que ele alcança é uma grande conquista”, diz Dheniffer Gleiton Pinto de Oliveira, mãe do pequeno Ícaro, de sete anos, que é autista.
Toda semana, Dheniffer leva o filho à unidade para realizar a sessão de equoterapia, atividade que ele participa desde os quatro anos de idade.
O projeto conta com o trabalho de 20 detentos, que cumprem pena em regime semiaberto na unidade. Eles auxiliam no atendimento das crianças, bem como no tratamento dos equinos. O trabalho é realizado por meio de uma equipe multidisciplinar, acompanhado por inspetores penitenciários.
A diretora da PAES, Leizielle Marçal Dionízio, explica que o projeto é trabalhado em três vertentes sociais. “A equoterapia produz melhorias na vida social e na saúde de crianças especiais, proporciona mudança de perspectiva de comportamento de presos, para que sejam inseridos no meio social transformados, além de contribuir com o recolhimento de animais abandonados nas ruas, uma vez que todos os cavalos do projeto foram recolhidos em rodovias pela Polícia Rodoviária Federal e pela Prefeitura Municipal de Viana e doados à unidade”, enfatiza.
A terapia
A equoterapia é um método terapêutico que utiliza o cavalo como abordagem interdisciplinar, visando a reabilitação física e mental. É indicada para pessoas com algum tipo de deficiência, disfunção mental, sensitiva ou motora, sequelas de acidentes, síndromes de nascença ou adquiridas no decorrer da vida.
A fisioterapeuta da APAE que conduz os atendimentos de equoterapia, Desiara Andresa Pesca, explica que as crianças atendidas pelo projeto possuem deficiências como paralisia cerebral, autismo, síndrome de down, microcefalia ou hidrocefalia e outras.
“A equoterapia proporciona ganhos muitos significativos, tais como melhora do equilíbrio, da força, o que contribui muito para a coordenação motora. Além disso, ainda tem o benefício para a autoestima, pois há um melhor desenvolvimento da parte sensorial. Ver essa evolução é muito gratificante. As crianças sentem prazer com a atividade e passam a interagir com o mundo por meio do projeto”, diz.
Qualificação
Para integrar a equipe responsável pelo projeto de equoterapia, os internos da Paes passam por treinamentos e cursos de qualificação. Entre eles, cursos de doma, rédea, selagem, montaria e tratador realizados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar).
A última capacitação promovida foi realizada no período de 18 a 21 de fevereiro, com os temas “Noções básicas de Equoterapia” e “Noções básicas de Doma Racional e Equitação Básica aplicada à Equoterapia”.
Na ocasião, os participantes puderam conhecer um pouco mais sobre monta, retirada de emergência e condução do equino e Transtorno do Espectro Autista, além de assuntos ligados à saúde dos cavalos. A atividade foi realizada na unidade prisional pelas instrutoras Desiara Andressa Pesca, fisioterapeuta do projeto, e pela médica veterinária Fernanda Moscon.
Ressocialização
Gustavo Rangel é egresso da Penitenciária Agrícola do Espírito Santo (Paes). Foi participando do projeto de equoterapia por dois anos que ele encontrou uma maneira de se recolocar no mercado, após o cumprimento da pena. O conhecimento adquirido com o manejo dos animais e auxílio ao atendimento das crianças especiais possibilitou que ele fosse contratado pela Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) para continuar a desenvolver o trabalho.
“A equoterapia transformou a minha vida. Sou muito grato, primeiramente a Deus e à Secretaria de Justiça, pela grande oportunidade. Os servidores da PAES, como educadores, estão de parabéns. É muito gratificante poder contribuir com esse trabalho. Ver cada evolução, cada avanço dessas crianças é algo muito especial”, diz Gustavo.
Os internos que participam do projeto têm direito ao benefício da remição da pena, previsto na Lei de Execução Penal. Isso significa que a cada três dias de trabalho, é possível reduzir um dia da pena.
Informações à Imprensa
Assessoria de Comunicação da Secretaria de Estado da Justiça
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