Servidores e líderes religiosos participam de workshop sobre assistência religiosa
A importância da assistência religiosa no processo de reintegração social de pessoas presas foi discutida, nesta quinta-feira (22), em um workshop promovido pelo Grupo de Trabalho Interconfessional do Sistema Prisional (Ginter), que coordena o trabalho dos voluntários que atuam nas unidades prisionais do Estado. Participaram do evento mais de 100 pessoas, entre servidores da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) e líderes religiosos de diversas denominações.
A coordenadora do Ginter, Maria Jovelina Debona, explica que o objetivo do encontro é discutir a política de assistência religiosa desenvolvida atualmente no sistema prisional para que ela seja mais efetiva, além de estreitar a relação entre servidores e líderes religiosos.
“Dessa forma, poderemos qualificar a assistência oferecida aos internos para obtermos melhores resultados. Posteriormente, faremos outro evento com os voluntários que atuam nas unidades”.
Na abertura do workshop, pela manhã, o secretário de Estado da Justiça, Walace Tarcísio Pontes, destacou a relevância do papel dos voluntários que oferecem assistência religiosa aos internos.
“Esse trabalho leva conforto e paz aos detentos e contribui para que eles sejam mais receptivos para ouvir os servidores, o que torna nossa atuação mais fácil e contribui para o processo de ressocialização deles. Percebemos que a vontade de ajudar dos voluntários é grande e esperamos que desse encontro surjam ideias para aprimorar e fortalecer a assistência religiosa no sistema prisional capixaba”.
A programação da manhã contou com palestras ministradas pelo secretário de Estado de Direitos Humanos, Julio César Pompeu, pelo professor universitário Vitor Nunes Rosa e pelo integrante do Ginter José Carlos Fiorido.
A primeira palestra teve como tema “O Servidor no Processo de Transformação Social”, ministrada por José Carlos Fiorido. O palestrante destacou que o servidor deve ter sensibilidade para exercer sua função e atuar com a visão de um educador, para cumprir seu dever funcional e moral, que é de contribuir para a ressocialização das pessoas privadas de liberdade, preparando-as para a reintegração à sociedade.
Já o secretário Julio Pompeu abordou aspectos filosóficos e jurídicos da assistência religiosa e ressaltou que ela tem um forte papel na transformação social dos internos, inclusive para evitar a reincidência criminal.
“Esse trabalho contribui para a mudança de caráter e de atitude dos internos, que são tratados pelos voluntários não como casos perdidos, mas como alguém que pode mudar. Ao entrar em uma unidade, os detentos encontram pessoas com os mesmos valores que os levaram até ali. Por isso, é preciso que tenham alguém para incentivá-los a agir bem e a mudarem seus valores”.
O professor Vitor Nunes Rosa falou sobre “O Paradigma da Diversidade Religiosa”, abordando conceitos como religiosidade e espiritualidade e destacando os diferentes caminhos para viver a experiência com o sagrado.
“É importante que haja um diálogo ecumênico e inter-religioso, lembrando que a caridade deve perpassar todas as práticas e que podemos trabalhar juntos com respeito ao outro”.
Na parte da tarde, foram realizadas oficinas em grupo para discussão de temas como tolerância e respeito e boas práticas na assistência socioespiritual.
Ginter
O Grupo de Trabalho Interconfessional do Sistema Prisional (Ginter) funciona desde 2008 e atua na ampliação da assistência espiritual oferecida nos presídios, na articulação dos grupos religiosos cadastrados para atuar nas unidades prisionais e na qualificação dos voluntários. É formado por servidores da Sejus, líderes religiosos e assessores teológicos, que primam pelo respeito à diversidade religiosa dentro das penitenciárias.
Atualmente, há 2.030 voluntários cadastrados, de 25 denominações religiosas, que atuam nas unidades prisionais do Espírito Santo.
A assistência religiosa oferecida nas unidades prisionais do Estado é regulamentada pela Portaria nº 991-s, publicada em 2011 pela Sejus, cumprindo o que determina o artigo 24 da Lei de Execução Penal.
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