Pacientes do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP) estão participando de novas atividades terapêuticas, que incluem aulas de ioga, teatro, pintura e horticultura. As oficinas são resultado de parcerias entre a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) e voluntários.   

Uma das atividades mais recentes na unidade é a oficina de pintura, ministrada quinzenalmente por Renata Henriques, estudante de Psicologia. A professora explica que a arte é uma aliada da saúde mental. Segundo ela, concentração, melhorias na convivência interpessoal e a reflexão sobre si mesmo são alguns benefícios que as aulas podem proporcionar aos pacientes.

Outra novidade são as aulas de horticultura, que começaram nesta semana. A iniciativa tem o apoio da Casa do Adubo, que disponibilizou um agrônomo para ensinar as técnicas de cultivo aos pacientes. Após a conclusão da parte teórica, eles colocarão em prática o que aprenderam, cultivando uma horta na unidade. Todos os insumos necessários serão fornecidos pela Casa do Adubo e a produção será doada a uma instituição que atende a dependentes químicos.

Parte dos pacientes do Hospital de Custódia também está tendo a chance de participar de aulas de ioga. As atividades começaram em fevereiro e são voltadas para as mulheres da unidade. As aulas ocorrem quinzenalmente e são ministradas pela instrutora Marcela Mattos que, há cinco anos, ensina técnicas da ioga para detentos do sistema prisional por meio do Projeto Mente Saudável.

A instrutora conta que já é possível perceber o desenvolvimento das alunas do HCTP. “Elas estão mais concentradas e tranquilas e apresentam avanços na coordenação motora. Também já estão dominando as técnicas de respiração e postura física”.

Os pacientes também participam, desde março, de aulas semanais de teatro, ministradas por Lorena Wanveler Cardoso, estudante de Artes Cênicas da Universidade de Vila Velha. Ela explica que as aulas contribuem para melhorias na fala e na dicção, para o relaxamento e a concentração e também trabalham a consciência corporal dos pacientes.

Além dessas oficinas, os pacientes também participaram de outras atividades culturais. Nessa terça-feira (13), por exemplo, 40 pacientes assistiram a peça “O Reino de Aspan”, apresentada pelo grupo Jeová Nissi. A atividade teve como objetivos estimular a interação social e cultural e proporcionar um momento de descontração aos internos, segundo a psicóloga Silvia Simão, que atua no Hospital de Custódia. 

Novas rotinas

A oferta de oficinas terapêuticas para pacientes do HCTP faz parte das novas rotinas implantadas na unidade, que abriga pessoas com transtornos mentais que, por decisão da Justiça, foram internadas para tratamento psiquiátrico.

De acordo com a gerente de Saúde do Sistema Penal da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), Luciana Vaneli Gama, a rotina do hospital está sendo alterada há alguns meses e a intenção é ofertar um tratamento mais eficaz e humanizado aos pacientes.

“Hoje, o HCTP possui nova direção e os servidores passaram por capacitação. As rotinas também mudaram. Foram adotados novos procedimentos de contenção de pacientes em surto e implantadas oficinas terapêuticas. Os procedimentos de assistência aos pacientes também foram revistos”, explica a gerente.

A Sejus também está em fase final de elaboração de um Protocolo de Contenção de Pacientes em Surto. O documento está sendo elaborado em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e vai formalizar o trabalho que já está sendo posto em prática pela Sejus.

“Uma comissão mista, formada por representantes do governo do Estado, Ministério Público e Poder Judiciário também está acompanhando a implantação aqui no ES do serviço de avaliação e acompanhamento de medidas terapêuticas aplicáveis às pessoas com transtorno mental em conflito com a lei, no Sistema Único de Saúde (SUS), conforme determinação do Ministério da Saúde”, finaliza Luciana.

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