Regras de etiqueta e preparação de mesa posta fazem parte do projeto “Mulheres à Mesa”, desenvolvido no Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC), unidade administrada pela Secretaria da Justiça (Sejus). A iniciativa teve início no mês de abril e conta com dez internas participantes. Até o final deste ano, a expectativa é capacitar cerca de 100 internas para este segmento.

O treinamento é aplicado pela voluntária Jeanne Roberta Casagrande, que atua com serviço de decoração de mesas e consultoria há seis anos. São quatro módulos que abrangem assuntos, como Identidade Feminina; Relacionamento Interpessoal; O Poder da Mesa; Etiqueta e Empreendedorismo.

De acordo com a consultora, a decoração de uma mesa para dez pessoas rende cerca de R$ 1.200. “O Projeto Mulheres à Mesa tem como principal objetivo a montagem de mesa como negócio. É uma atividade que tem ganhado espaço no mercado e que pode se tornar um empreendimento, uma fonte de renda para quando elas estiverem em liberdade”, explica Jeanne Roberta Casagrande.

Segundo a voluntária, além de uma atividade de negócio, o curso traz uma série de benefícios para as detentas. A capacitação também abrange questões comportamentais, como o resgate da autoestima, da identidade das pessoas e uma forma de cultivar memórias afetivas à mesa.

“A capacitação ensina como atuar em vários eixos como consultoria, aulas de decoração à mesa, etiqueta e até a venda de acessórios para compor esses arranjos. Também abordamos questões comportamentais, como palestras motivacionais e relações interpessoais no seio familiar. É uma maneira de também levar esperança, restauração, de mostrar que, por meio de uma mesa bonita e decorada, demonstramos todo o nosso carinho e acolhimento com quem amamos”, destacou Jeanne Roberta Casagrande.

A diretora do Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC), Patrícia Castro, informa que o projeto é um importante estímulo à ressocialização das internas. “Além da capacidade de empreender, o curso traz muitos ensinamentos que vão além da arte de decorar uma bela mesa. Funciona como o resgate de relações afetivas, de refletir sobre atitudes que levam a troca de tantos sentimentos diante de uma mesa posta. É, sem dúvida, uma iniciativa que contribui com a mudança de comportamento e com o nosso programa de ressocialização”, disse.  

A interna M.S.V. participa do curso. Ela, que tem três filhos, de oito, dez e 14 anos, diz que a capacitação mudou sua forma de pensar. “O curso ensina muitas coisas e já penso em sair daqui com mais perspectiva de trabalho e também em levar tudo isso para minha família. Em casa, tínhamos o costume de arrumar a mesa apenas no Natal e, agora, aprendi que precisamos ter isso sempre. Não é deixar a louça mais bonita para ocasiões especiais. Todos os dias são especiais para confraternizar com a nossa família. Também aprendemos a nos reconhecer, a lidar com nosso temperamento e a melhorar nosso relacionamento interpessoal”, disse M.S.V.

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