16/08/2017 17h26 - Atualizado em 16/08/2017 17h28

Internos contratados pela Apae concluem reforma de casa de família de menino autista

A família da dona de casa Clemilda Firmina Borges, 53 anos, recebeu, nesta quarta-feira (16), uma casa reconstruída com mão de obra de detentos do sistema prisional. A iniciativa foi fruto de uma parceria entre a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Cariacica (Apae) e a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus).

O novo imóvel vai proporcionar mais qualidade de vida à família da dona de casa e, principalmente, ao seu filho, o estudante Edgar Jorge Gomes, 11 anos, que é autista e participa de sessões de Equoterapia, no projeto Equos da Paes, desenvolvido na Penitenciária Agrícola do Espírito Santo, em Viana. 

O diretor presidente da Apae de Cariacica, Arildo Rocha, ressalta que a parceria da Sejus foi fundamental para a realização da reforma da casa da família.

“Quando visitamos a casa do Edgar verificamos que precisávamos fazer alguma coisa para melhorar a situação da família e para garantir a ele um tratamento mais eficaz. Além dele e da mãe, mais duas irmãs viviam no local, que não possuía nem banheiro”, contou.

De acordo com Arildo, a principal vantagem do uso da mão de obra de detentos foi a qualidade e o baixo custo. “A obra teria sido mais cara se não fosse feita por eles. Agora, estamos buscando ajuda de parceiros para conseguir móveis e eletrodomésticos para a família, que não possui muita coisa”, acrescenta.

A obra foi realizada por dois internos contratados pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Cariacica (Apae), e por quatro detentos que participam do projeto Re-formando Vidas, da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). Os trabalhos começaram em fevereiro e foram concluídos neste mês. Os materiais usados na reforma foram adquiridos pela Apae.

Entrega do imóvel

A entrega da casa à família contou com a presença do secretário de Estado da Justiça, Walace Tarcísio Pontes, do presidente da Apae de Cariacica, Arildo Rodrigues Rocha, e da diretora da Penitenciária Agrícola do Espírito Santo (Paes), Leizeille Marçal Dionízio. Também participaram da entrega o egresso Gustavo Madeira Rangel e o interno Jelton Jesus Belo, contratados pela Apae, além de funcionários da Associação.

O secretário de Justiça ressaltou a importância de a reforma ter sido feita com a participação de internos.

“Esse é um exemplo de ressocialização pelo trabalho, pois além de os detentos serem beneficiados eles contribuíram para ajudar uma família. Para a Sejus, é gratificante poder colaborar com parceiros como a Apae, que contribui tanto para a sociedade”.

Já o egresso Gustavo Madeira Rangel contou que a experiência de trabalhar na Apae e na obra foi gratificante. “Tem sido um aprendizado também. As pessoas muitas vezes reclamam das dificuldades que estão vivendo, mas não se dão conta de que há outras pessoas passando por situações mais difíceis. Trabalhando na Apae vi crianças acamadas, com sonda, famílias muito simples, que vivem com muita dificuldade. É muito bom poder ajudar essas pessoas.

Gustavo Rangel trabalhou no projeto de Equoterapia quando estava no sistema prisional e, agora, foi contratado pela Apae. “Penso em crescer mais na instituição e em voltar ao presídio para continuar a ajudar as crianças”.

Para dona Clemilda, poder voltar para casa, agora totalmente reformada, é a realização de um sonho.

“Gostei muito da casa e achei legal que ela foi feita pelos detentos. Eles têm experiência e fizeram um trabalho muito bom. Meu filho melhorou muito depois que passou a frequentar a Apae e está animado com a casa nova. Acredito que ele vai ficar melhor ainda a partir de agora”.

Equoterapia

A Equoterapia é um método terapêutico que emprega a montaria na reabilitação e no desenvolvimento de pessoas com limitações neuromotoras ou cognitivas. A atividade também promove o relaxamento, desenvolve novas formas de postura, comunicação, socialização, confiança e autoestima. O projeto é desenvolvido na Paes desde 2014.

As sessões são realizadas na unidade de segunda a quinta-feira, no período matutino e vespertino. Além do trabalho feito com os cavalos, as crianças também têm contato com outros animais na unidade como vaca, boi, cabrito, faisão e galinha.

Aproximadamente 75 crianças das unidades de Viana e Cariacica da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) participam de sessões de Equoterapia na unidade.

Atualmente, 10 internos atuam diretamente no projeto, que é coordenado por uma equipe multidisciplinar, formada por assistente social, psicólogo e fisioterapeuta. A iniciativa também conta com o apoio da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), que, por meio do Regimento de Polícia Montada (RPMont), capacita os internos, inspetores penitenciários e a equipe técnica da unidade.

Ressocialização pelo trabalho

Os internos da unidade prisional auxiliam os fisioterapeutas nas sessões e trabalham de forma voluntária. Eles são beneficiados com a remição da pena, ou seja, a cada três dias trabalhados, um dia de pena é reduzido. 

Os animais são doados à unidade, tratados, alimentados e conduzidos pelos detentos, sob a orientação dos inspetores penitenciários e da equipe técnica da unidade.

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