O Espírito Santo mantém o registro de bons resultados alcançados pelos alunos privados de liberdade no Concurso Nacional de Redação, promovido pela Defensoria Pública da União (DPU). Pelo segundo ano consecutivo, dois estudantes do sistema capixaba alcançaram a nota 100, marco atingido por apenas 15 participantes em todo o País.

Ao todo, 16 mil redações foram inscritas de escolas do ensino regular e para pessoas privadas de liberdade de todo o Brasil.

Os internos Geovani Schneider Brito, do Centro de Ressocialização de Linhares (CDRL), e Andressa Damasceno Rocha, do Centro Prisional Feminino de Cachoeiro de Itapemirim (CPFCI), alcançaram a nota máxima. O terceiro lugar na categoria no Espírito Santo é de Roseli Vieira do Nascimento, também do CPFCI, que alcançou a pontuação de 99,9.

Todos participaram da solenidade de entrega dos certificados e premiação promovida pela Defensoria Pública da União, na tarde desta sexta-feira (29). A 5ª edição do concurso teve o tema “Defender Direitos, Evitar Desastres: Como o acesso à justiça contribui para o desenvolvimento sustentável”.

O subdefensor geral federal, Jair Soares Junior, lembrou que a Defensoria Pública é uma instituição que, paralelamente aos demais poderes, oferece assistência jurídica e assistência aos necessitados.

"Temos uma missão de integração e inclusão social: a atribuição de incluir uma parcela da sociedade que não tem voz. Eventos e iniciativas como essas servem para ressaltar o potencial que a Defensoria Pública possui e essa responsabilidade de inclusão e inserção dos grupos vulneráveis. Essa é uma premiação que se repete em todo o Brasil. Parabéns aos servidores do sistema penitenciários e professores que sabem que é por meio da educação e da inclusão que vamos mudar esse país" destacou.

O sistema prisional do Espírito Santo conta com duas escolas estaduais que atuam exclusivamente dentro das unidades, nos complexos de Xuri e Viana, além de oferecer o ensino formal em demais 28 presídios do Estado. Cerca de 3.600 pessoas em privação de liberdade estão matriculadas nos ensinos Fundamental ou Médio, recebendo o ensino formal em salas de aula instaladas nas unidades. 

A gerente de educação e trabalho da Sejus, Regiane Kieper do Nascimento, destacou o impacto da educação para a reintegração dos internos.

“Esse resultado mostra o quanto os nossos internos são capazes. Atingir a nota máxima é uma demonstração do seu potencial. As ações que temos, dentro da Sejus, são para propiciar uma realidade para além da criminalidade. Nosso desafio é fornecer meios para essa transformação, por meio da nossa equipe e junto a outros parceiros." 

O evento contou com apresentações musicais do Quarteto Ungidos de Deus, composto por adolescentes internados do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases) e do grupo “Tocando a Liberdade”, da Penitenciária Estadual de Vila Velha 5.

Com pontuação máxima no Estado, a interna Andressa Damasceno conta estar lisonjeada com o reconhecimento. Ela, que concluiu o Ensino Fundamental e Médio na escola do sistema prisional, conta que também faz provas do Enem e que se sente incentivada para fazer uma faculdade e melhorar de vida.

"Eu não imaginava que poderia ter essa possibilidade de ser uma das quinze melhores dentre 16 mil participantes. O sistema prisional está diferente, mudou muito os olhares para nós. A direção, os professores, pedagogos e inspetores nos ajudam a querer ser algo na vida. Nos ajudam a ver que nossos sonhos não se acabaram. A vida no crime não compensa e aqui, hoje, no meio de todo mundo, me senti pessoa com valor e isso me faz muito bem", conta Andressa Damasceno.

Premiados:

1° lugar: Andressa Damasceno Rocha – Nota: 100
Professor: Pamela da Cunha Almeida
Instituição de ensino: Eeef – Inah Werneck
 
2° lugar: Geovani Schneider Brito – Nota: 100
Professor: Cristiani Vieira Portes
Instituição de ensino: EEEFM Prof. Manoel Abreu
 
3° lugar: Roseli Vieira do Nascimento – Nota: 99.9
Professor: Pamela da Cunha Almeida
Instituição de ensino: Eeef – Inah Werneck
 
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