Os móveis fabricados por cinco detentos que cumprem pena na Penitenciária Estadual de Vila Velha III, no complexo do Xuri, serão expostos na quarta edição da mostra de decoração Morar Mais Vitória, que será realizada de 22 de julho a 30 de agosto de 2015, na Praia de Camburi, em Vitória.

As mesas e buffets serão expostos no espaço decorado pelos arquitetos Luisah Dantas e Ricardo Bullos.

  O material foi produzido na fábrica da Marcenaria do Espírito Santo, que funciona em um galpão, dentro da Penitenciária Estadual de Vila Velha III. No local, cinco detentos produzem móveis personalizados, em madeira e com design diferenciado.

 

"Nunca imaginei, com as minhas mãos, fabricar um móvel como esse. Nunca imaginei que esses móveis seriam vistos por tanta gente, em uma mostra de decoração. Estou muito satisfeito", contou o detento Farly Pogian Rosa, de 32 anos. Ele, que há nove meses trabalha na marcenaria, dentro da unidade prisional, comemora o reconhecimento e a mudança de vida. "Nas outras vezes em que fui preso, nunca pensei em mudar. Mas, quando tive a oportunidade de trabalhar e aprendi uma profissão, comecei a pensar em um futuro diferente", planeja.

 

Além do orgulho de ver o trabalho desenvolvido por eles em uma mostra de decoração, os internos também destacam a importância do trabalho no processo de ressocialização. "Essa oportunidade mudou minha vida. Aprendi uma profissão e mudei minha perspectiva de vida. Hoje, já penso em continuar trabalhando com marcenaria quando terminar de cumprir minha pena", conta o detento Diogo Carlos Souza Assis, de 34 anos, que trabalha na marcenaria há um ano.

 

  Assim como a Marcenaria do Espírito Santo, atualmente, 219 empresas são conveniadas à Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) e empregam detentos do regime fechado e do semiaberto. "Nessa parceria, todos saem ganhando. Essa oferta de trabalho é fundamental para o processo de reintegração dessas pessoas à sociedade. E, além de contribuir para uma sociedade mais justa e segura, a parceria permite ainda a redução dos custos de produção das empresas", explica a gerente de Educação e Trabalho da Sejus, Regiane Kieper do Nascimento.

O Espírito Santo está entre os estados do país que possuem o maior número de detentos trabalhando, dentro e fora das unidades prisionais. Atualmente, 2.528 internos atuam em 220 empresas conveniadas à Secretaria de Estado da Justiça (Sejus), que empregam detentos do regime fechado e do semiaberto.

Alguns dos trabalhos desenvolvidos pelos internos são: montagem de móveis, produção de bancos de couro, de blocos de concreto, produção de mudas de eucalipto, construção civil, serviços gerais, finalização e acabamento de confecção, produção de calçados infantis, marcenaria, artesanato, produção de marmitex, entre outros.

Os detentos que trabalham em empresas conveniadas à Sejus recebem um salário mínimo. E, conforme prevê a Lei de Execução Penal, também são beneficiados com a remição da pena. Dessa forma, a cada três dias trabalhados, um dia é reduzido da pena a ser cumprida.

Para serem contratados, os detentos passaram por rigorosa avaliação e só são selecionados aqueles que cumprem os requisitos exigidos pela Sejus, como ter escolarização, ter desenvolvido trabalhado voluntário em atividades de apoio à unidade, ter demonstrado interesse pelo trabalho, ter bom comportamento e qualificação profissional exigida para a função.

Fruto de uma ideia simples, mas de conceituação sofisticada e comprometida com a sustentabilidade, o Morar Mais, com mais de uma década de sucesso no mercado nacional, trabalha com soluções criativas e inovadoras.

O objetivo é expor ambientes sofisticados dentro de uma proposta acessível ao bolso, mostrando aos visitantes que, com a ajuda de um profissional, essa tarefa torna-se mais qualificada e mais rápida de ser executada.

E a quarta edição do evento de decoração Morar Mais Vitória exibirá 53 ambientes, projetados e executados por 61 profissionais das áreas de arquitetura, design de interiores, paisagismo e artes plásticas.