08/03/2022 17h55 - Atualizado em 09/03/2022 14h16

Presídio retoma projeto de equoterapia com crianças da Apae

Nesta terça-feira (08), a Penitenciária Agrícola do Espírito Santo (Paes), em Viana, voltou a ofertar o projeto de equoterapia, em parceria com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) do município. Neste momento, 50 crianças serão atendidas.

 

Realizado desde 2015, o trabalho esteve interrompido desde março de 2020, como medida de prevenção ao novo Coronavírus (Covid-19). A diretora da unidade, Leizielle Marçal Dionízio, explicou que para retomar as atividades foi preciso realizar uma reforma na pista em que as atividades são desenvolvidas.

 

“Com o tempo, a pista ficou desnivelada e houve desgaste dos toldos que fazem sombra na área. Além disso, nós realizamos uma capacitação para atualizar os internos que participam do projeto, que já haviam passado por treinamento e recebido noções básicas de equoterapia, doma, rédea, selagem, montaria e tratador. É de uma satisfação imensa para toda equipe o retorno do projeto, haja vista a eficiência demonstrada ao longo desses anos no que tange a minimização da reincidência criminal”, pontuou.

 

Ao todo, dez internos participam do projeto. Eles são responsáveis pelos cuidados do espaço e dos animais, além de lidar diretamente com os pacientes e profissionais da Apae. A subsecretária de Estado de Ressocialização, Karina Rocha Mitleg Bayerl, da Secretaria da Justiça (Sejus), ressaltou que todos os projetos desenvolvidos têm o objetivo de preparar o interno para o retorno ao convívio social, com mais conhecimento.


“Nos alegra retomar essa parceria com a Apae, tanto por saber dos benefícios da equoterapia para as crianças quanto por ver como o interesse e as mudanças que essa ação proporciona aos reeducandos que dela participam. Em todo o sistema, são centenas de projetos que buscam, justamente, qualificar o interno, dando-lhe a oportunidade de aperfeiçoar uma habilidade e planejar uma nova história. A Sejus tem parceria com diversas instituições e empresas que geram essas oportunidades para os internos em todas as unidades prisionais do Estado”, destacou Karina Bayerl.

 

Leticia Basílio Rodrigues é mãe da Alexia, que tem cinco anos e desde os dois anos participa do projeto de equoterapia na unidade. Ela contou que, no período de interrupção das atividades, viu uma regressão na mobilidade da filha e está empolgada com o retorno.

 

“Ela gosta muito de vir aqui. Ela não fala, mas aqui a gente vê ela se relacionando super bem com o cavalo, com as pessoas, e a gente fica feliz porque esse programa incentiva a comunicação. Quando ela iniciou, tinha problema com o andar, que melhorou com a equoterapia. Nesses dois anos, ela deu uma regredida, ficou com o andar mais pesado. Agora, fico mais feliz, porque isso aqui ajuda muito, tanto com a habilidade motora e sensorial quanto na interação com as pessoas. Aqui ela fica feliz e eu fico feliz também”, disse Leticia Basílio Rodrigues.

 

Parceiros

 

A retomada das atividades foi marcada por um encontro que contou com a presença da equipe da Apae de Viana, autoridades do Poder Judiciário e do Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES).

 

Para a juíza Cristiana Lavínia Mayer, titular da 2ª Vara Criminal de Viana, o projeto promove inúmeros benefícios às crianças e, consequentemente, às famílias. Contudo, segundo a juíza, os maiores beneficiados pelo projeto são os reeducandos.

“Parabenizo a direção da Paes pelo desenvolvimento e sustentação do Projeto Equoterapia. A 2ª Vara Criminal de Viana é entusiasta dessa ideia e contribui diretamente com a permanência do Projeto, convertendo os valores pagos pelos apenados inseridos no projeto “Trabalho Externo com uso de Monitoramento Eletrônico” em ração e medicamentos para os cavalos, além de materiais destinados às reformas da estrutura física reservada para a equoterapia”, enfatizou Cristiana Lavínia Mayer.

 

“Temos que agradecer a confiança dessas famílias. Ao lidar com os cavalos, os apenados aprendem o significado da palavra respeito. Ao lidar com as dificuldades vivenciadas no cotidiano das crianças portadoras de autismo, os apenados aprendem a valorizar suas vidas. Assim, observamos que os benefícios trazidos por esse projeto é algo especialmente planejado para mudar vidas”, complementou a juíza da 2ª Vara Criminal de Viana.

 

Wanderson Gaburo, presidente da Federação das Apaes no Espírito Santo, destacou que a equoterapia realizada na unidade prisional tem uma grande potência, ao colocar no mesmo objetivo duas parcelas que sofrem tanto preconceito da sociedade: as pessoas com deficiência e a população privada de liberdade. 

Hoje é um dia de celebrar essas pessoas que precisam de espaço de direito e cidadania. Essa parceria é fundamental e momentos como esse servem para valorizar parceiros que dão visibilidade à pessoa com deficiência”, frisou Gaburo.

 

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