25/10/2021 11h44 - Atualizado em 25/10/2021 16h08

Projeto Correndo para Vencer auxilia na ressocialização de detentos do sistema prisional capixaba

Transformar vidas por meio do esporte. Esse é o objetivo do projeto “Correndo para Vencer”, iniciativa da Vara de Execuções Penais de Vila Velha, desenvolvido em unidades prisionais do Estado. Com início no ano passado, o projeto prepara internas e internos no sistema prisional para corridas de rua. Desde então, cerca de 60 detentos já participaram da prática esportiva, que tem como principal foco a inclusão social e a ressocialização.

 

Voluntários, formados em educação física, orientam os participantes de forma periódica, com treinos realizados três vezes por semana, com duração de uma hora. Participam do projeto internas do Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC) e internos da Penitenciária Semiaberta de Vila Velha (PSVV) e Casa de Custódia de Vila Velha (Cascuvv). A juíza idealizadora do projeto, Dra. Patricia Faroni, explica que participam do Correndo para Vencer detentos que já estão na fase final do cumprimento da pena, ou seja, em regime semiaberto, e que apresentam bom comportamento. De acordo com a magistrada, o projeto foi inspirado em um exemplo de um juiz, do Estado de São Paulo, que corria com adolescentes reeducandos que já estavam em liberdade. Aqui, a juíza participa ativamente de treinos e corridas com o grupo que ainda está em cárcere.

 

“É um projeto transformador, uma vez que o esporte traz muitos benefícios para o corpo e para mente, mas o principal benefício do Correndo para Vencer é a transformação do indivíduo e a inclusão social. Ao participar dos treinos, das corridas de rua, eles se sentem reconhecidos, o que faz com que se vejam como os demais grupos da sociedade. Isso promove a inclusão e a reinserção social. O projeto tomou uma proporção tão grande, com a dedicação de muitos voluntários, em especial, de inspetores penitenciários que abraçaram a causa. Sem eles, nada disso seria possível”, destaca a magistrada.

 

Para fornecer condições adequadas de treinamento aos participantes, o projeto conta com doações, tanto dos itens esportivos, assim como roupas, tênis, garrafa de água, entre outros. O preparo físico é fundamental para que todos estejam aptos para corridas de rua. No ano passado, em decorrência da pandemia, não foi possível a participação dos detentos nesses eventos devido as restrições para atividades esportivas. Neste mês, no entanto, o grupo já participou da Corrida Hangar, em Vitória, em percursos de 6 e 12 quilômetros e já se prepara para novos eventos.

 

Somente no Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC), 35 detentas já passaram pelo projeto. A iniciativa motiva, até mesmo, quem já não está mais na unidade prisional e cumpre pena em prisão domiciliar. Este é o caso de Vanessa Pires. “Ser presa foi um choque em minha vida. Mas ao sair da prisão passei a ver as coisas de forma diferente. Tive oportunidades dentro do sistema e sei que retornei para a sociedade como uma pessoa melhor. Hoje meu convívio familiar é outro. O projeto Correndo para Vencer mudou a minha vida completamente. Nunca havia praticado atividade física. Isso faz muito bem para minha mente e mesmo não estando mais na unidade, participo de quase todos os treinos com o grupo”, conta.

 

Lucielio Ventura é interno da Penitenciária Semiaberta de Vila Velha e tem se destacado pelo bom rendimento nos treinos. Ele, que descobriu a aptidão para corrida no projeto, diz que o esporte tem despertado boas perspectivas para o futuro.

“Tenho me dedicado muito nos treinos. Descobri a corrida na unidade, ao entrar para o projeto e aprendo cada dia mais. Quando terminar de cumprir minha pena, não quero abandonar o esporte. Quero buscar novos caminhos, trabalhar e viver uma vida correta”, pontua.

 

Servidores abraçam o projeto

O Correndo para Vencer também reúne inspetores penitenciários que participam dos treinos e corridas com os detentos. Os exercícios são realizados dentro das unidades prisionais e em ambientes externos, como Morro do Moreno, na Praia da Costa, em Vila Velha. Para o inspetor José Valter Gomes, o projeto é uma maneira de trabalhar a ressocialização por meio do esporte.

 

“Sou formado em educação física, auxilio e acompanho os internos em todos os treinos. Vemos a dedicação e empenho de cada um deles, a vontade de mudar e alcançar resultados. Acredito que o esporte traz novos objetivos, auxilia na disciplina e é um bom remédio para a inclusão social”, afirma José Valter Gomes.

 

Maikol Madureira Vidal Nunes é diretor adjunto da PSVV e explica que proporcionar à pessoa presa condições para o retorno a sociedade é um dever do Policial Penal. Por isso, participar do Correndo para Vencer junto com os internos é uma grande satisfação.

“Participar das corridas juntamente com os apenados proporciona maior sensibilidade ao olhar para as histórias de cada um de uma forma mais minuciosa, entender as particularidades e, assim, ajudar a direcionar cada indivíduo para seu projeto de vida. Assim, promovemos uma melhor aceitação social. Não buscamos atletas de ponta, buscamos pessoas que queiram abraçar as oportunidades e que queiram segurar o braço de quem quer ajudar. Assim, seguimos fazendo nosso dever com o coração e os presos cumprindo sua pena com a visão de um futuro melhor”, ressalta Madureira.

 

A inspetora Elaine Silva Chaves participa do projeto juntamente com as internas do Centro Prisional Feminino de Cariacica. “Participar dos treinos e da corrida é uma continuidade do meu trabalho. Dentro das nossas competências temos também o papel de ressocializar. Vejo que quando estou em conjunto com toda a equipe do projeto e as detentas, ajudando nos exercícios, tentando motivar o grupo, nada mais é do que ressocialização. É um resultado gratificante para mim, tanto no âmbito profissional quanto no pessoal”, frisa Elaine Silva Chaves.

 

Bruna Vieira Braga é diretora adjunta da Casa de Custódia de Vila Velha (Cascuvv). “Fazer parte desse projeto tem sido muito gratificante, pois a interação dos reeducandos com a sociedade, por meio da corrida de rua, tem gerado esperança e, com isso, é possível ver vidas sendo ressignificadas”, enfatiza.

 

O inspetor penitenciário Wanderley Vieira da Silva, da Cascuvv, também abraçou o projeto. “Vejo o projeto como um incentivo para a mudança de vida, pois eles se sentem totalmente valorizados e respeitados. Descobri durante os treinos que participo junto com os detentos, que suas ideias e pensamentos são outros. Dessa forma, percebemos a real mudança na vida e no comportamento de cada um deles. Participar com o grupo, dos treinos e das corridas, é uma grande contribuição para a ressocialização”.  

 

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