Nesta semana, 85 internos de unidades prisionais da Grande Vitória receberam certificados pela participação no Concurso de Redação promovido pela Defensoria Pública da União (DPU), voltado aos alunos do ensino fundamental e médio do projeto Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Essa é a quarta edição da iniciativa, em que o Espírito Santo obteve a segunda colocação dentre as participações, com 21,35% das redações enviadas. O tema proposto aos participantes foi “Promoção dos Direitos Humanos e garantia do acesso à Justiça”. Dois internos do Estado fazem parte de um seleto grupo de apenas 15 alunos de todo o País que alcançaram total aproveitamento em suas redações.

Na segunda-feira (24), os certificados foram entregues nas Penitenciárias de Segurança Média 1 e de Segurança Máxima 1. Nessa terça-feira (25), as internas estudantes do Centro Prisional Feminino de Cariacica que participaram do concurso receberam seus certificados. Cristiane Michele Acipreste dos Santos é uma delas. Ela conta que o período no presídio lhe deu um presente que carregará para o resto da vida: os estudos. Após dar entrada na unidade, teve a oportunidade de voltar a estudar e deve concluir, ainda esse ano, o 8º ano do ensino fundamental. Ela está no 7º ano e havia parado os estudos no 5º ano.

“Essa é uma oportunidade que eu não tive antes: há mais de 15 anos eu estava fora da sala de aula e aqui pude voltar a aprender. Eu fico feliz pois assim posso incentivar ainda mais meus filhos a estudarem. Eu já falo com eles que agora a mamãe pode conseguir emprego lá fora que antes não teria oportunidade por não ter instrução, por não saber fazer contas e escrever e falar corretamente. Esse é meu plano: concluir meus estudos, fazer cursos lá fora e oferecer mais oportunidades aos meus filhos, através dos estudos, e incentivá-los para que eles também se dediquem”, diz Cristiane dos Santos.

Para a subsecretária de Ressocialização da Sejus, Roberta Ferraz, a educação tem um importante papel na reintegração dos internos. "A educação, a capacitação e o trabalho são as melhores ferramentas para oportunizar mudança de vida pós-cárcere. Queremos, cada vez mais, garantir o acesso aos estudos e à qualificação aos apenados para que adquiram conhecimento e, ao sair do sistema, tenham novas oportunidades", ressalta.

A defensora pública da União, Karina Bayerl, participa das solenidades de certificação e relata a alegria pela adesão das unidades prisionais no concurso, com suas respectivas equipes.

"Os números do Espírito Santo neste 4º Concurso de Redação da DPU falam por si. Estar aqui, na unidade, só reforça a percepção do envolvimento das equipes de educação e da unidade. É muito gratificante perceber a mobilização feita para a efetiva participação dos internos neste concurso, que proporciona o debate de temas atuais, além da remição de 12 horas de pena para aqueles que são aprovados", ressalta a defensora.

O Concurso

Em 2018, 1.207 alunos privados de liberdade tiveram suas redações inscritas no concurso. As redações são produzidas durante as aulas, em um trabalho interdisciplinar realizado pela equipe pedagógica que atua na educação nas prisões. As redações que atendem aos requisitos são aprovadas, e os internos recebem um certificado e remição de 12 horas da pena.

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